Encontrar alguém com medula óssea compatível é a esperança de centenas de brasileiros que sofrem de doenças graves e estão cadastrados no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea. O procedimento é simples: basta coletar 5ml de sangue em um hemocentro. A partir dessa doação, a pessoa é cadastrada como voluntário e passa a integrar o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), um banco de dados ligado à rede mundial de medula óssea que cruza os dados de doadores e pacientes.
Ser um doador de medula óssea não é bicho de sete cabeças
A espera por alguém com medula compatível, no entanto, é angustiante para quem já está com a saúde fragilizada. Josiel Oliveira Carvalho, 18 anos, é de Canguçu e está em tratamento no Hospital Universitário de Santa Maria (UFSM) desde março. Ele é portador de anemia aplástica não especificada, que faz a medula parar de funcionar e não produzir glóbulos, plaquetas e hemácias.
Josiel precisa de um transplante urgente, mas, até agora, nenhum doador compatível foi encontrado. A doença provoca cansaço extremo em atividades simples, como caminhar, e faz com o que o jovem necessite constantemente de transfusões.
Sem exclusividade
De acordo com o coordenador do Laboratório de HLA do Husm, médico Cristian Dias Barbosa, que acompanha o tratamento de Josiel, a doação da medula é o que pode salvar o jovem. Ele destaca, porém, que quem for se cadastrar no Hemocentro Regional de Santa Maria poderá se tornar um doador para qualquer pessoa do mundo, não exclusivamente para o Josiel.
As pessoas querem ser doadoras de medula para uma pessoa específica, mas não é assim que funciona. Estando cadastrado, ela pode doar para qualquer um que seja compatível e, por isso, muita gente desiste. Quem se cadastra aumenta a chance de haver uma compatibilidade com o Josiel também, por isso é importante que as pessoas sejam doadoras afirma Barbosa.
É uma luta por todos, acredita jovem
Josiel Carvalho já passou por uma checagem de compatibilidade com os irmãos, mas os resultados foram negativos.
Depois de procurar doadores compatíveis na família, ele passou por dois ciclos de imunossupressão, com medicamentos para a medula voltar a funcionar, mas não teve resultado. Ele precisa da doação o quanto antes, porque, nas condições dele, qualquer simples acontecimento pode fazer ele piorar. Uma queda, por exemplo, pode ser fatal relata o médico.
O jovem, que vai ao Husm para consultas e exames uma vez por semana, não desanima, e tem a esperança de encontrar um doador compatível. Mas não apenas para ele:
O que eu quero mesmo é receber a medula, já que os remédios não fizeram efeito. Eu fico na esperança de conseguir um doador, não só para mim, mas para todos os outros que estão nas mesmas condições. É uma luta por todos, para salvar mais vidas.